Vale do São Francisco: agricultor desembolsa R$ 5 mil ou 250 caixas por hectare para custear a acerola
O produtor de acerola do interior de Pernambuco gastou em média R$ 5 mil por hectare para implantar a fruta na última safra 2018/2019. O levantamento foi realizado pelo Sindicato dos Agricultores Familiares de Petrolina (Sintraf). Em termos mais usuais, o agricultor teve que produzir pelo menos 250 caixas por hectare na média para cobrir os custos com o fruto.
Levando em consideração o preço médio de R$ 20 por caixa, a mão-de-obra de R$ 9 por cada colheita, o custo da irrigação e os tratos culturais (adubação, capinação e fertilização), a entidade calcula que o produtor tirou uma rentabilidade de 4,00 caixas por hectare.
“Anos atrás, o cultivo de acerola em Petrolina trazia um retorno [comercial] mais satisfatório porque tinha um baixo custo de produção. Porém, de uns tempos para cá houve uma alta da mão-de-obra, uma baixa procura pela fruta, uma redução de preços e, consequentemente, a diminuição dos lucros para o agricultor”, avalia o levantamento.
Números causaram um efeito dominó
Segundo a presidente do Sintraf, Isália Damacena, a entidade prevê uma melhora com relação aos preços das próximas safras, no entanto, pelo motivo errado: recentemente muitos produtores erradicaram suas áreas de acerola, o que também reduzirá em breve a disponibilidade da fruta.
“Estimamos que até o início do ano passado, 3.422 agricultores familiares produziam acerola no município, desde os projetos irrigados Nilo Coelho, Maria Tereza e Bebedouro até as áreas de sequeiro como Pontal Perenizado e assentamentos. Mas de lá para cá, tivemos uma média de 500 pessoas migrando para outras culturas”, diz Isália.
O levantamento explica que para um produtor de acerola cobrir seu investimento ele leva pelo menos um ano e meio, e para conseguir uma rentabilidade terá de cuidar da plantação por três anos. Após a colheita, o fruticultor comercializa seu produto para as feiras livres, alimentação escolar, bem como atravessadores, que distribuem o grosso da produção petrolinense para capitais a exemplo de Fortaleza, Teresina, Aracaju e Salvador, além de cidades como Feira de Santana, Ubatã, Ibirataia, Novas Flores e Ilhéus.
“São bons mercados que se chegarmos a perdê-los, trarão ainda mais prejuízos para a cultura da acerola em Petrolina”, alerta a sindicalista. A ideia do Sintraf agora é utilizar esses dados para reivindicar políticas públicas de fomento junto a autoridades do Vale do São Francisco e pleitear assistência técnica e descontos de tarifas para os agricultores familiares diante das instituições federais, estaduais e do município.
Jacó Viana | Jornalista - 6513/PE
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