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Programação do Novembro Negro em Juazeiro se estende com atividades na UNEB‏


O Departamento de Ciências Humanas, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), participou da celebração em comemoração ao Novembro Negro de Juazeiro com a realização de atividades culturais e mesas redondas, nos dias 26 e 27, dando continuidade à programação municipal que iniciou em setembro.

No primeiro dia de atividades, os interessados puderam participar de uma oficina de trança e turbante e da mesa “Educação, gênero e poder”. O diálogo contou com a contribuição do professor da UNEB, Paulo Soares, e da representante da Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN), Leila Rocha, que trouxeram ao encontro elementos acerca da importância de retratar a cultura africana no campo educacional.

Na tarde da quinta-feira, deu início a mesa “Mídia, ética e racismo” que levantou um debate acerca da produção de textos jornalísticos de cunho preconceituoso. Os palestrantes defenderam a relevância da temática e a importância da apuração das fontes para uma boa redação.

Para o pesquisador Juracy Marques, a democratização da mídia deve estar atrelada ao respeito pela variação identitária brasileira – “a história do povo negro não é fácil, mas é maravilhosa”. O pesquisador avalia que os veículos de comunicação precisam conhecer essa identidade para apresentá-la nos produtos jornalísticos.
“A gente está vendo nesse ano de 2014 alguns avanços que ampliam o debate sobre a comunicação e a ética também para algumas populações historicamente excluídas. Então eu acho muito bonito, muito forte, quando os alunos participam e estão presentes neste tipo de conversa”, acrescentou a professora Ceres Santos.

O integrante do terreiro Ylê asé ayara Onydancor, Edson Rosa, explicou que a mídia precisa apresentar uma nova visão da cultura africana para que a sociedade possa respeitá-los. “Nós, de matriz africana, queremos respeito, que a gente existe de fato e de direito”, reivindicou a representante da Associação Nacional Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (ACBANTU), Ioná da Silva.

Ainda no último dia, a mesa “Quilombos de Juazeiro: identidades e marco legal” abordou a importância da auto-identificação das comunidades quilombolas. Os processos de legitimação das localidades são dados pela certificação, realizada pela Instituição dos Palmares, e pela titulação, podendo ela ser coletiva como requisito do próprio reconhecimento de grupos com raízes africanas.
A diretora do DCH e coordenadora do projeto “Perfil Fotoetnográfico das Populações Quilombolas do Submédio São Francisco: identidades em movimento”, Márcia Guena, explica que as atividades realizadas na UNEB foram planejadas em conjunto com os Centros Acadêmicos de Pedagogia e de Comunicação Social, possibilitando a participação dos estudantes no desenvolvimento da programação, bem como nos debates.
“Acho importante essa discussão de hoje porque a questão quilombola ainda é pouco conhecida, as pessoas não conhecem esses espaços, até porque ainda não estão nominados (reconhecidos legalmente), mas são populações negras tradicionais e a gente precisa discutir e mostrar a existência delas”, defendeu Márcia.

O evento aconteceu no Anfiteatro Canto de Tudo do DCH e contou com a participação e contribuição de estudantes e professores dos cursos de comunicação social e pedagogia da UNEB; integrantes de comunidades quilombolas da região; representantes de matrizes africanas de Juazeiro; Fórum de Comunicação; Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE); Comunidade do Salitre; Comunicação; Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA); Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA-BA); Secretarias de Cultura e de Desenvolvimento e Igualdade Social de Juazeiro; Diário da Região.

Texto: Amanda Santos, do Núcleo de Assessoria de Comunicação do DCH – Campus III/UNEB.

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