Culturas típicas de clima frio são testadas no vale do São Francisco
Foto: Divulgação / Codevasf |
O vale do São Francisco, notadamente no Submédio, na fronteira semiárida da Bahia com Pernambuco, tem mostrado sua aptidão para produzir culturas típicas de clima temperado. Fazendo uso da tecnologia de irrigação, a região já é conhecida, no mercado internacional, pela produção de uvas, e já vêm sendo testadas novas cultivares, a exemplo da maçã, pera, caqui, cacau e rambutã.
Das culturas pesquisadas, a pera apresenta forte apelo comercial, devido aos grandes volumes importados, atingindo cifras da ordem de 90% a 95%, já que a produção nacional não atinge nem 10% do total consumido. Dentre as frutas de clima temperado, a pera é a terceira mais consumida e mais importada pelo Brasil. O consumo atual é da ordem de 180 mil toneladas, sendo a maioria importada da Argentina, Estados Unidos, Uruguai, Chile e países Europeus.
As variedades mais conhecidas em nosso país são: willians, pera-d'água, pé-curto e red (casca vermelha). A pera é rica em sais minerais como, por exemplo, sódio, potássio, ferro, magnésio e cálcio. As vitaminas encontradas são do tipo A, C e do complexo B. De acordo com os testes realizados, o vale do São Francisco tem potencial para produzir mais de 60 toneladas da fruta por hectare, no quarto ano de cultivo, com a possibilidade de produção de duas safras por ano.
A macieira é outra cultura de clima temperado que vem sendo testada no vale. A produção nacional de maçã é de cerca de 1,2 milhão de toneladas por ano, quantidade ainda insuficiente para abastecer o mercado interno, tanto que ainda são importadas mais de 50 mil toneladas. O consumo na região Nordeste tem aumentado nos últimos anos. Um exemplo desse crescimento é o que acontece no Mercado Produtor de Juazeiro (BA), onde são comercializadas em torno de 200 toneladas de maçã por semana.
O consumo regular de maçã é excelente para se prevenir e manter a taxa de colesterol em níveis aceitáveis, com a ingestão recomendada de uma unidade por dia. A fruta também apresenta propriedades medicinais e produz efeitos benéficos sobre o coração, tanto pelo elevado teor de potássio, quanto pela presença de pectina, que evita a deposição de gorduras na parede arterial, prevenindo a arteriosclerose. A maçã contém as vitaminas B1, B2 e Niacina, além de sais minerais, como fósforo e ferro.
O caqui, produzido tradicionalmente nas regiões Sudeste e Sul, nos meses de fevereiro a julho, é mais uma opção que tem se revelado promissora. A partir do mês de outubro, a fruta é importada da Espanha e de Israel, custando até seis vezes mais caro para o consumidor. Segundo as pesquisas, a produção de caqui no vale pode alcançar 15 toneladas por hectare no quarto ano de cultivo, ao passo que nas regiões Sul e Sudeste esse volume só é obtido do sexto ao oitavo ano.
Originário da China e do Japão, o caqui é uma excelente fonte de vitaminas E e C – que auxiliam na defesa e manutenção do organismo – e sais minerais como ferro, fósforo e cálcio. A fruta é rica também em betacaroteno, que atua como antioxidante e combate a formação de radicais livres. Além disso, contribui para o bom funcionamento do intestino, por conter fibras, e atua como calmante, devido à alta concentração de açúcar e frutose, razão pela qual deve ser consumida moderadamente, em especial por diabéticos.
Os resultados com o plantio de novas culturas obtidos até então têm se mostrado promissores. “Para se ter uma ideia, as variedades de pereira e macieiras que estamos pesquisando necessitam de, no mínimo, 400 horas de frio, com temperatura inferior a 7,2º C. Aqui no vale do São Francisco não temos nem um minuto sequer com essa temperatura e, no entanto, estamos produzindo maçãs, peras, caquis e outras frutas”, afirma o pesquisador Paulo Roberto Lopes.
O produtor Andrea Pavesi cultiva uvas de mesa em Petrolina e, há três anos, mantém em sua propriedade uma área para cultivo de maçãs e peras. “Ao longo desses três anos, a produção vem sendo aprimorada quantitativamente e qualitativamente. As maçãs já estão com um aspecto muito bom”, diz Pavesi. “Acredito que estamos em um momento divisor de águas para esse tipo de produção. Das seis variedades de maçã que testamos, selecionamos duas que acreditamos ter potencial comercial: a Eva e a Princesa. Em 2015 ou no máximo em 2016, queremos ter uma área comercial implantada”, aposta.
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