Bacia do Parnaíba abriga 4,8 milhões de pessoas, 279 municípios e três diferentes biomas
Foto: Regis Falcão / CComPI |
São mais de 1.400 km que atravessam diferentes biomas – como o Cerrado, a Caatinga e o Costeiro: esse é o rio Parnaíba, principal artéria de uma das mais importantes regiões hidrográficas do Nordeste do Brasil, ocupada pelos estados do Piauí, Maranhão e Ceará.
O Rio Parnaíba tem suas origens na Serra da Tabatinga, que limita o Piauí com a Bahia, Maranhão e Tocantins. As nascentes se formam a partir de ressurgências na Chapada das Mangabeiras, as quais originam os cursos dos rios Lontras, Curriola e Água Quente - que, unidos, formam o rio Parnaíba. Seus principais afluentes são alimentados por águas superficiais e subterrâneas, destacando-se os rios Balsas, Gurgueia, Piauí, Canindé, Poti e Longá.
O Vale do Parnaíba possui uma superfície de 325.834,80 km², abrangendo 279 municípios e uma população de 4.800.934 pessoas (IBGE, 2011). Dos municípios, 240 possuem a totalidade de sua área territorial inserida no Vale, e os demais 39 encontram-se parcialmente inseridos - ou seja, seus territórios extrapolam os limites ou divisores da bacia hidrográfica estabelecidos.
Uma das características da bacia é o grande contingente populacional vivendo na área litorânea, em especial no centro sub-regional representado pela cidade de Parnaíba.
A região possui a única capital fora da área litorânea do Nordeste, a cidade de Teresina, situada às margens do rio Parnaíba. A região hidrográfica do Parnaíba foi dividida em três grandes sub-bacias – Alto Parnaíba, Médio Parnaíba e Baixo Parnaíba -, e em quatro macrorregiões: do Cerrado, do Semiárido, do Meio Norte e do Litoral.
Alto Parnaíba
No Alto Parnaíba correm os rios das Balsas (cuja nascente está no encontro da Chapada das Mangabeiras com a Serra do Penitente, no estado do Maranhão), Uruçuí Vermelho (nasce ao sopé da Chapada das Mangabeiras, próximo às nascentes do Gurgueia), Uruçuí Preto (nasce a uma altitude de 550 metros entre as Serras Grande e Vermelha/Uruçuí), Gurgueia (a nascente é no Sopé da Chapada das Mangabeiras, em Barreiras do Piauí), Itaueira (nasce em Caracol, sudeste do Piauí) e o rio Parnaíba.
A vegetação desta sub-bacia é tipicamente constituída por elementos de Savana (Cerrado), especialmente no topo das chapadas da margem esquerda do rio Gurgueia. Também há ocorrências de Caatinga, particularmente ao longo do rio Itaueira.
De acordo com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar) a ocupação e o consequente uso produtivo dos cerrados piauienses é algo irreversível, face à grande quantidade de terras potencialmente produtivas, a mão de obra abundante e recursos hídricos que garantem a viabilidade econômica da região. Os cerrados detêm potencial econômico vocacionado para a agricultura de grãos, pastagens e fruticultura tropical, além de baixa densidade demográfica.
Médio Parnaíba
Esta sub-bacia compreende os rios Canindé/Piauí, próximo à cidade de Regeneração, e o rio Poti, em Teresina; ambos desembocam no Parnaíba. São importantes nesta sub-bacia o rio Fidalgo, afluente do Piauí, e os rios Itaim e Guaribas, afluentes do Canindé. Esse conjunto de rios tem como afluentes uma bem tecida rede de cursos d’água menores e drena intensamente a parte mais genuína do semiárido. Toda a água é conduzida para o rio Parnaíba por meio do coletor final, que é o rio Canindé. Uma característica comum a todos os rios desta sub-bacia é a intermitência, pois todos têm suas nascentes situadas no semiárido e sobre o cristalino.
Na região do Médio Parnaíba predomina a Caatinga, com presença das espécies favela, xique-xique, catingueira, rama de bezerro e marmeleiro. Na parte oeste, há também ocorrência de Cerrado, sendo possível encontrar faveira de bolota, pau terra e gramíneas, entre outras espécies. O babaçu é encontrado entre Pedro II e Domingos Mourão, e também em São João da Serra, Alto Longá e nos vales intermotanos, locais onde o Cerrado predomina.
Baixo Parnaíba
No Baixo Parnaíba correm os rios Longá, o próprio rio Parnaíba e uma série de pequenos riachos que desembocam no Parnaíba, além do delta do rio Parnaíba. Nesta sub-bacia predomina a vegetação de Cerrado, mas também há ocorrência de Caatinga. No trecho mais baixo do rio Parnaíba, há presença acentuada de babaçu. Na faixa litorânea do Parnaíba, as dunas e mangues se destacam numa paisagem marcada pela inundação das águas do mar misturadas à água doce dos rios e riachos, que formam o estuário do Parnaíba.
A agricultura praticada no Baixo Parnaíba acompanha as margens dos rios Jenipapo, Piracuruca e o próprio Longá, em Buriti do Lopes. Ocorrem nesta região muitas lagoas rasas e de substrato argiloso que favorecem a prática da rizicultura nas vazantes, com excelentes resultados de produtividade. No mangue, centenas de pessoas fazem a captura de caranguejos durante toda a semana. A produção é transportada em barcos ou canoas para o Porto dos Tatus, em Ilha Grande, e embarca em caminhões para Fortaleza (CE).
Nas faixas marginais aos manguezais, em locais atingidos pelas marés altas, desenvolve-se desde a década de 80 a cultura comercial de camarão (carnicicultura) – atividade que atraiu empresários e valorizou as áreas de salgado. A espécie mais utilizada é o Penaeus vannamei, cuja produtividade chega a 2 mil kg por hectare ao ano. A criação exige um eficiente manejo em todas as fases de produção, com controle constante dos índices físico-químicos da água e uso de ração balanceada, servida várias vezes ao dia.
Turismo no Baixo Parnaíba
A grande variedade de atrativos naturais dá à região potencial para o ecoturismo, desde o Delta do Parnaíba até os Lençóis Maranhenses. A histórica cidade de Parnaíba constitui o principal portal para o Delta e os Lençóis, por deter a mais completa rede de serviços da região, inclusive agências de turismo com vínculos com operadoras nacionais.
A Lagoa do Portinho, situada entre os municípios de Parnaíba e Luís Correia, com 8 km de extensão, constitui um cenário que mistura ambientes aquáticos e eólicos, com dunas e carnaúbas. Mais para o interior, as praias do rio Longá são atrativos naturais, capazes de atender às necessidades de lazer da população local e das regiões próximas. Entretanto, o maior potencial turístico reside no patrimônio arqueológico, principalmente em Buriti dos Lopes, Caxingó e Bom Princípio.
Foto: José Luiz Oliveira / Codevasf |
Fonte: Caderno da Região Hidrográfica do Rio Parnaíba (Ministério do Meio Ambiente – Secretaria de Recursos Hídricos):
http://www.mma.gov.br/estruturas/161/_publicacao/161_publicacao03032011023605.pdf
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